Novas habilidades em tempos de pandemia, no contexto VUCA

A Covid-19 trouxe a realidade VUCA sem rodeios, disruptivamente, para a nossa vida individual, cotidiana. VUCA é um acrônimo, em inglês, que surgiu na década de 90 no ambiente militar, quando o U.S. Army War College o criou para explicar o mundo no contexto pós-Guerra Fria. O acrônimo resume quatro características que dizem do contexto, do ambiente em que se está vivendo: Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade).

Apesar de o termo ter sido cunhado no século passado, ele foi incorporado ao vocabulário corporativo neste século e hoje define com acuidade o momento que vivemos. Afinal, cada um de nós se viu, de repente, “sozinho/a”, tendo que lidar com a volatilidade de mudanças repentinas e disruptivas em nossa rotina, nas relações familiares e de trabalho; com as incertezas pessoais, na saúde, no trabalho e nas políticas públicas. Além disso, a complexidade das relações interpessoais, familiares, sociais e de trabalho, com suas interdependências, fragilidades, riscos e demandas tornaram-se ainda mais vivas e presentes.

Em questão de dias, tudo mudou e nos deparamos com a exigência de vivenciar a ambiguidade, que vem a reboque nesse contexto, trazida por sentimentos díspares e por interpretações diversas seja na esfera social, familiar ou pessoal.

O aprendizado de novas competências e o fortalecimento de outras se impõe, inexoravelmente, neste momento. E esse aprendizado pode se tornar duradouro se aderente ao nosso propósito de vida.

Para lidarmos com a volatidade das mudanças, a resiliência é essencial. A capacidade de encarar o inesperado sem perder o controle, a capacidade de amortizar a pressão que vem do trabalho, da família, da doença e aquela que nós mesmos nos colocamos, diante de todas essas mudanças e incertezas, se faz necessária e importante. Aceitar a mudança é fundamental. E isso significa não negar a mudança. Você não precisa concordar, mas resistir gera apenas estresse e prejudica a transição, a adaptação. Nestas circunstâncias aprofundar o autoconhecimento e a autoconfiança é uma atitude vital para manter-se íntegro/a e focado/a no que é importante para si, para o seu propósito e o seu objetivo.

A incerteza nos demanda flexibilidade para buscarmos e nos adaptarmos a novas formas de nos relacionar, conviver e produzir conhecimento sobre os acontecimentos, e para descobrir alternativas de como lidar com a situação. A definição mínima do que se deseja. Com isso a ansiedade diminui. Quando buscamos conhecimento sobre uma situação, mesmo que não a tenhamos sob controle, somos capazes de enxergar melhor o todo ou, pelo menos, algumas de suas interações, e então focar no que está ao nosso alcance e podemos controlar, ou fazer algo a respeito.

Para desembaraçar a complexidade o primeiro passo é aceitar as diferenças e o diferente, o que abre o caminho para que enxerguemos as pessoas, as situações e suas variáveis sob diferentes perspectivas e sem julgamento, ampliando nossa forma de pensar, nossa empatia e nosso horizonte diante da nova realidade. Essa visão amplificada e sistêmica torna-se consistente quando buscamos conhecimento para explorar e compreender as novas perspectivas. E fomenta nossa coragem para fazermos escolhas, habilidade crucial para se lidar com a ambiguidade.

Por mais simples ou desimportante que seja a situação, faça uma escolha, decida. Atente-se para sua capacidade de decidir, fortaleça seu discernimento, olhe retrospectivamente e veja como foi a tomada de decisão. Esteja aberto/a aos erros, aceite-os e analise-os. Pratique as “lições aprendidas”.

Quanto mais ampliamos nossos horizontes e nossas perspectivas, maiores serão as ambiguidades e as incertezas, e melhor será nossa capacidade de atuar em um cenário VUCA.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *