Lidar com o diferente? É simples assim…

Quando o diferente se apresenta a nós, temos, por instinto, uma reação de defesa, mesmo que seja leve e rápida; o diferente nos tira da zona de conforto, do familiar, do esperado, do previsível.

Na nossa jornada de vida, o diferente surge com a convivência com os outros. Esse outro por mais semelhante que seja, não é igual a nós. E, é nessa relação com o outro, paradoxalmente necessária e ameaçadora, que construímos a nossa alteridade, o ser único que somos.

Assim posto, aceitar o diferente faz parte, pois só assim nos tornamos pessoas com opiniões, desejos e sensações individuais.

A nossa construção como seres “únicos, diferentes” é um aprendizado sofrido e contínuo, pois tendemos à lei do menor esforço, mas esse desenvolvimento é imperativo para sermos reconhecidos por quem somos.

Por que, então, é difícil lidar com o diferente?

Para lidarmos com o diferente, sem senti-lo como ameaça, é fundamental gostarmos de nós mesmos, conhecer nossas fraquezas e potencialidades, conhecer nossas características e aceitá-las. Acolher aquilo que gostamos e não gostamos em nós mesmos; para depois vermos o que fazer com o que não gostamos.

O outro, esse ser diferente, é independente, pensa, tem sensações e emoções que você não controla, assim como você. É tão diferente para você, quanto você para ele.

O outro se torna ainda mais ameaçador quando tomamos a sua ideia e o seu comportamento como se fossem definitivos e o representassem por completo. O outro, e cada um de nós somos mais do que nossas ações e ideias. Somos uma multiplicidade de sensações, percepções, ideias, comportamentos que forma um conjunto muito maior. É essencial resgatarmos nossa origem – esperma e óvulo – para lembrarmos da diversidade intrínseca em nosso ser.

Aprender a lidar com o diferente é conviver com o diferente primeiro dentro de nós mesmos, e depois externamente; a aproximação suaviza o contato e passamos a perceber as diferenças e semelhanças simultaneamente.

Você me enxerga e eu te enxergo porque somos diferentes; eu não preciso sucumbir a você, nem você sucumbir a mim; dialogamos e nos disponibilizamos a integrar o diferente.

Dar um salto acima ou para o lado, simples assim; ampliar o horizonte para enxergar uma convergência ou a possibilidade de compor ideias diferentes.

Conta uma estória anônima:

Um sujeito colocava flores no túmulo de um parente, quando viu um oriental colocando um prato de arroz na lápide ao lado. Ele dá uma risada, vira-se para o oriental e pergunta:

– Você acha mesmo que o seu defunto virá comer esse arroz?

O oriental pensa um pouco, e responde:

– Sim, quando o seu vier cheirar as flores.

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