“Quero falar com você sobre a minha apresentação na reunião de diretoria ontem. A situação foi vergonhosa e me deixou com cara de idiota. Venha na minha sala, agora!”
Algo semelhante você já deve ter ouvido por aí. Se não deu certo, é para ser conversado, resolvido e seguir em frente. Até aí, tudo bem, acontece. O que tem de diferente é a carga emocional que já está subjacente à fala e aquela que foi gerada por dela.
Em pesquisa realizada pela Avansare com profissionais de diferentes áreas e idades, 55% dos entrevistados
têm como maior desafio o controle emocional e a relação com o outro durante uma “conversa difícil”. Mas apenas 27% se preparam para lidar com questões como esta.
O aspecto emocional é, na realidade, engrenagem fundamental para uma conversa difícil se tornar construtiva ou produtiva. De que vale recear e não se preparar!?
A emoção aflora nas palavras escolhidas para relatar a situação:
“…vergonhosa… cara de idiota. Venha à minha sala, agora! ”
A questão é que é muito difícil não expressar nossos sentimentos ou emoções em conversas tensas ou difíceis. Por exemplo: ficamos com raiva e demonstramos isso de modo embaraçoso ou destrutivo. Essa conversa a dois, proposta acima, estará, muito provavelmente, carregada de raiva, frustração e medo.
O desafio, portanto é: nomear os sentimentos e conversar de forma neutra sobre o assunto.
“Fulano, fiquei muito …. (sentimento) por ter …… (o que aconteceu). Tenho certeza de que não gostaria que tivesse acontecido com você. Principalmente se você entregou o trabalho para quem você confia”. .
Desabafe e retorne ao que aconteceu, suas causas, como solucioná-las e como fazer diferente da próxima vez.
Parece simples e realmente é simples. A dificuldade é o que ficou explícito na pesquisa. Há o desafio, mas não há preparação.
No mundo corporativo, principalmente, falar de emoções e sentimentos parece desimportante e chega a soar pejorativo e ser motivo de gozação em muitos
ambientes. Algumas pérolas são entreouvidas: “D.R. (discutir a relação) é um porre”.
“Tá de mimimi”. “Ihhh quer fazer DR”.
Não precisa sair falando dos seus sentimentos, talvez nem seja a situação, ou momento, ou espaço adequado para isso, mas é crucial você nomear para si mesmo o que está sentindo. É uma questão de consciência e coragem assumir a direção das suas emoções e sentimentos!
Os sentimentos aparecem nas mais diversas formas, verbal ou corporal: tom de voz, expressão facial, linguagem corporal, frio na barriga, náusea, pausas prolongadas, desinteresse inexplicável, sarcasmo, agressividade, impaciência, caras e bocas.
Para começar, basta se fazer três perguntas:
1- O que estou sentindo sobre isso ou essa pessoa? (Identifique seu sentimento)
2. O que eu quero fazer com essa (raiva, frustração, tristeza, decepção…)?
3. O que quero como resultado dessa conversa/situação?
Em breve, cenas dos próximos capítulos!