Nem todo mundo sabe dizer “não”. Muitos sofrem diante dessa palavrinha tão complexa. Mas continuar dizendo “sim” infinitamente por toda a sua vida não é uma boa perspectiva. Até porque um “sim” mal dito pode levar um trabalho que é será só seu – e sim de uma equipe e/ou coletividade – a um estrondoso fracasso. Então, prepare-se, pois um dia você terá que dizer “não” para seu superior ou sua equipe.
Para começo de conversa, podemos dizer esse “não” com um sotaque de “sim”, o que requer uma mudança no nosso modo de enxergar e pensar a situação. Isso é dialético: saber responder com um “não” é dizer um outro tipo de “sim”.
Mas não vamos nos adiantar tanto. A importância de dizer “não” é um tema recorrente na área das relações interpessoais e comportamentos profissionais.
São muitas as causas que rolam por aí: culpa, sentimento de rejeição, querer agradar sempre, achar o problema do outro mais importante, temer conflitos, não querer deixar a oportunidade escapar; enfim, motivos não faltam.
As razões para a dificuldade de se dizer “não” são tão plurais quanto as singularidades humanas. Mas não vamos aqui cair na armadilha de uma explicação simplista e linear para as idiossincrasias emocionais da dificuldade do ser humano para dizer “não”.
Não queremos tampouco negar que é preciso saber dizer “não”, enfrentar e aceitar as negativas do outro e da vida, entender a falta e a falha, a incompletude que faz parte da construção do ser humano.
Queremos aqui ressaltar o aspecto lingüístico-emocional que muito influencia o tratamento dado ao dizer “não”. Cabe a pergunta: como pode alguém com dificuldade de dizer “não”, começar a fazê-lo, como recomendam todas as “receitas” comportamentais? Ao se exigir isso, reforça-se justamente o “não” e todas as suas dificuldades para expressá-lo.
O foco ainda é o “não”. O sujeito não muda sua forma de pensar e sua percepção continua estanque. Dizer “não” significa antes de tudo pensar no que se quer com aquele “não”. Profissionalmente falando, você tem que ter o domínio do “não” dito
Por isso, nosso “não” deve estar recheado de conteúdos. Um “não” afirmativo, de forma propositiva. O “não” é uma saída, uma outra leitura da situação. O que é importante para mim e para o meu interlocutor? Que interesses estão em jogo? O que queremos um do outro? Pensando isso, então, formula-se a proposição.
Como assim? Exemplifiquemos: sua agenda está atolada, seus prazos praticamente já “não existem” e seu diretor lhe chama para uma reunião. Você sempre diz “sim”. E agora?
Pergunte a ele sobre o que é a reunião. Informe a premência da sua atividade e o impacto positivo que o diretor terá se você cumprir sua agenda a tempo, ou impacto negativo que ele terá se você não cumprir as agenda. Dê alternativas e mostre sua dedicação posterior ao assunto que ele deseja tratar de imediato.
Ou seja: dizer “não” é dizer “sim” para o que você acredita que é importante naquele momento, naquela a situação, seja ela qual for.
Não dê força ao “não” negativo. Dê ênfase ao “sim” que você quer propor. O foco é o “sim” da sua alternativa, da sua proposição.
Ao nascer você disse “não” a um estado de conforto maravilhosamente uterino, para dizer “sim” a um mundo de muito mais possibilidades e crescimento. Você já conseguiu!
Resumindo, ou como escreveu a poeta, gaúcha, Sandra Santos: “Saiba dizer “não” para que o “sim” seja sem sombra de dúvidas.”