Mudar é o mote do ser humano, quer queiramos ou não, nosso corpo está em mudança constante, nosso cérebro, nosso meio ambiente, as pessoas que nos cercam. Só não enxerga quem não quer ver, mas mesmo assim, esta pessoa está mudando!
Atitude sábia é assumir o leme da sua mudança, fazer a sua mudança e não deixar que ela aconteça simplesmente por obra da sua ‘humanidade’ ou das circunstâncias. O primeiro passo é entender que quanto mais você e o momento de mudança caminharem juntos, menor será a resistência. Resistência faz parte de todo e qualquer movimento, já apontou a ciência física(força em sentido oposto à do movimento; o que se opõe ao movimento de um corpo, forçando-o à imobilidade; qualidade de um corpo que reage contra a ação de outro corpo.). Quanto mais você se apropriar da mudança, transformando-a em necessidade sua e vontade sua, mais fácil e rápida será a fase de transição.
John Kotter distingui 8 fases do processo de mudança as quais vão possibilitar uma transformação mais lúcida, otimizada, envolvente e produtiva. De sua teoria podemos aprender muito para todas as mudanças que fazemos, seja no âmbito individual, nos grupos, na organização, no âmbito social etc. Tomo a liberdade de explorar essas fases da mudança não somente no âmbito organizacional.
O primeiro passo, é criar um senso de urgência para si, ou seja, ter consciência dos seus motivos para mudar, sentir a necessidade de mudar e agir logo. Criar senso de urgência é trazer à tona e cultivar aquilo que lhe tira da zona de conforto, faz você se levantar e ir em busca do que você realmente quer.
– O que você quer neste ambiente de mudança?
– Por que esta mudança é necessária para você?
– Que necessidade sua você pode atender com esta mudança?
– Que prioridade sua você pode atender com esta mudança?
– O que é mais importante para você nesta mudança?
– O que você quer como resultado desta mudança?
– O que você sente ao pensar na concretização desta mudança?
– O que esta mudança trará para o seu dia a dia quando ela for concretizada?
Após ter refletido e respondido algumas das perguntas acima, você dará o segundo passo, que é criar alianças. Junte-se, associe-se, apoie-se em pessoas-chave que irão lhe ajudar a atravessar a jornada da mudança e chegar onde você quer.
– Que pessoas você valoriza e considera que podem lhe incentivar para esta mudança?
– Que pessoas são importantes para você nesta mudança?
– Que pessoas podem agregar valor para você nesta mudança – com opiniões, percepções diferentes, visão mais sistêmica e estratégica da situação, análise crítica etc.?
– Que pessoas já passaram por experiências semelhantes e poderiam lhe ajudar/apoiar?
Não siga sozinho na travessia da mudança, somos seres gregários e precisamos uns dos outros para seguirmos em frente, com consistência e força. Como diz um provérbio africano: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.” Alie-se a pessoas com habilidades/características variadas, aquelas que têm foco na ação presente, na execução, e aquelas que têm uma visão à frente, visão ampla, do todo. E, principalmente, pessoas que acreditam em sua mudança, em seu objetivo.
Com um senso de urgência e pessoas que lhe incentivem, o próximo (terceiro) passo é desenvolver a sua visão da mudança. Ao final o que você quer ter, realizar, alcançar com esta mudança? Crie uma frase que contenha este objetivo de forma simples, que lhe motive e que você possa ler sempre. Esta frase é a cola que irá lhe manter grudada ao seu objetivo e vai lhe manter firme na mudança; ela “faz todo o sentido para a sua mente e o seu coração”. (Kotter). Para que a mudança aconteça de forma leve, vá passo a passo, cresça um dia após o outro, mude pouco a pouco, em pequenas coisas e deixe essa mudança virar um hábito, mantenha-a.
– Você consegue visualizar o resultado da mudança? Visualize!
– Você e as pessoas que lhe apoiam querem esta mudança?
– Esta mudança é possível de acontecer?
– É possível já enxergar alguns passos/ações que você pode dar para atingir o que quer?
– Que decisões precisam ser tomadas neste momento? É possível?
– Você consegue passar para as pessoas o que você sente com esta mudança? Você se sente empolgado/a?
– Quando você fala sobre a mudança seu sentimento é visceral, vem lá de dentro, e depois racional?
Todo e qualquer movimento é mais ágil e fácil quando nos sentimos inteiros dentro dele. Este sentimento, vinculado à última pergunta é muito importante, pois vai nos ajudar a conquistar ainda mais aliados, lembram do segundo passo?
Isso nos leva ao quarto passo, que é expandir suas alianças e comunicar a mudança positivamente, aumentar a sua rede de aliados, mostrar que a sua mudança tem ganhos para mais pessoas, não somente para você. À medida que você se sente mais seguro da mudança, divulgue a sua visão (que foi o seu terceiro passo) para mais pessoas, de forma vivida, fácil e empolgante. Ao dizer para as pessoas o que você quer e o que acontecerá, você estará também reforçando e consolidando a sua visão. Mas, atenção, não é para jogar palavras ao vento, assim a nossa energia é dispersada. O foco aqui é dizer com segurança e firmeza o que vai acontecer para que você conquiste mais aliados. Traga para a conversa as imagens que você visualiza do resultado da mudança e como você pretende chegar lá. Dê exemplos do que você já tem feito de diferente, faça as pessoas participarem, aceite ideias, deixe elas se envolverem e ganharem junto com você. Mostre que a mudança já começa a acontecer.
Para fazer essa expansão (quarto passo) é muito importante que você se sinta mais seguro da mudança que quer fazer, por isso, quase simultaneamente com o quarto passo temos que pensar no quinto passo, que é se capacitar e remover os obstáculos que surgem em seu caminho. Com está a transição da mudança?
– É necessário que você se capacite em alguma área?
– É preciso que você se fortaleça de alguma forma?
– Que obstáculos estão surgindo? Internos ou externos à sua pessoa?
– Como você pode removê-los?
– Você se auto boicotando, impedindo que você mesmo siga em frente?
Lembre-se sempre que você tem pessoas aliadas que podem lhe apoiar, ajudar a superar os obstáculos, internos e externos que podem surgir. E, uma das formas de criar força interna para superar obstáculos é justamente o sexto passo, celebrar as vitórias alcançadas no curto prazo, as pequenas mudanças vitoriosas.
Se estiver questionando o sucesso, a validade, a importância da sua mudança, pare e faça uma lista das pequenas mudanças realizadas e dos ganhos alcançados com elas. O esforço de mudança é grande e precisa ser reconhecido, apreciado. São as pequenas vitórias que vão ajudar a garantir o sucesso da mudança como um todo. O ganho deve ser visível e inequívoco para você e as pessoas que lhe cercam. Isso aumenta o otimismo.
Para Kotter, a resistência está sempre à espera nos bastidores para voltar a afirmar-se. Por isso, comemorar as pequenas vitórias é fundamental.
Esta celebração irá preparar o terreno para o sétimo passo, a consolidação da mudança. Neste momento, com uma visão forte e vivida, com a sua experiência de superar os obstáculos e ter o apoio de pessoas, você agirá de forma diferente e terá uma reação diferente das pessoas, a mudança começa a ser assimilada por todos.
Você escutará comentários sobre as mudanças percebidas, verá novas formas de se relacionar com o objeto da mudança ou com o resultado obtido. E, essas novas percepções e formas de agir precisam ser sustentadas, então o oitavo passo, ancorar a mudança.
Para consolidar uma mudança é necessário ancorá-la em conceitos, formas de pensar, comportamentos e novas conexões. Reforce sempre os seus valores por detrás da mudança realizada, os ganhos obtidos e sempre lembre as pessoas disso.
Para a mudança se consolidar ela precisa ser percebida com um hábito; a ancora da mudança é o novo hábito (forma de pensar/ações/comportamentos) que se estabeleceu.