O verbo “comunicar” vem do latim communicare = compartilhar informação, difundir, que por sua vez vem do verbo communis = comum, mútuo, participado entre vários.
A palavra “diálogo” resulta da fusão das palavras gregas dia elogos. Dia significa “através” e logos significa “palavra”, “fala”, “verbo” e, na acepção mais antiga da palavra, significa “relação”, “relacionamento”.
É a prática desses significados que queremos ver acontecer quando se trata de um diálogo. No entanto, não é bem isso o que vemos acontecer em nosso cotidiano; presenciamos inúmeras vezes uma comunicação na qual os entendimentos são truncados, as trocas insatisfatórias e os relacionamentos ruidosos.
O aprimoramento dessa comunicação acontece quando buscamos estabelecer um diálogo verdadeiro, ou seja, envolvemos o outro em nossa estória/assunto ou nos envolvemos com a estória/assunto dele. Envolver requer pensar:
Essa equação da comunicação assertiva envolve dois aspectos muito importantes.Comunicar-se é falar com o outro o que se quer, tendo em vista suas próprias necessidades, objetivos, interesses, expectativas bem como as do outro. Quando demonstramos em nossa linguagem verbal e corporal esses elos, criamos um vínculo com o outro e podemos então alcançar o que buscamos com aquele diálogo/troca.
Somente conseguimos conhecer o outro e suas necessidades e objetivos quando efetivamente escutamos e demonstramos interesse pelas colocações dele/a. Mais ainda, quando nos disponibilizamos a uma escuta curiosa.
A escuta curiosa implica em explorar a ideia/opinião do outro, deixando a nossa ideia momentaneamente de lado. É uma escuta onde eu procuro genuinamente conhecer a argumentação do outro e seu modo de pensar, eu valorizo seu pensar. Não entro na conversa para discutir, entro para dialogar. Faço perguntas relacionadas ao argumento do outro e com a mente aberta, sem estar intimamente pensando em como posso contrargumentar. A escuta curiosa nos faz reconhecer o outro e sua posição, antes de nos opormos.
A escuta curiosa paradoxalmente se constrói com perguntas que demonstram real interesse no outro, daí surge o diálogo. Quantas vezes já nos deparamos com uma pessoa que nos escuta silenciosamente e percebemos, depois, que em seu íntimo ela já estava pensando em sua contrargumentação.
Então, pergunte e posicione-se, não entre em um diálogo para se defender!
O segundo aspecto importante da equação da comunicação assertiva são os nossos objetivos.
Quando nos comunicamos sempre temos, consciente ou inconscientemente, 2 objetivos:
– o objetivo manifesto, o que é dito, a mensagem principal, por exemplo, “entregar o relatório X até o meio dia”, “quero comer macarrão hoje à noite”;
– o objetivo subliminar, o não dito, que emerge na linguagem corporal, no tom de voz, nos adjetivos e complementos adicionados à mensagem manifesta e que impactará na reação do interlocutor, de forma positiva, neutra ou negativa.
Por exemplo, se dissermos em tom de voz firme e tranquilo: “Fulano, precisamos entregar o relatório X até o meio dia; o que será necessário para cumprirmos esse prazo?”, o objetivo subliminar é que o outro perceba na comunicação a disponibilidade de ajuda, a parceria, o comprometimento. Se dissermos, em tom de voz firme e nervoso: “Fulano, preciso do relatório X até o meio dia na minha mesa.”, o objetivo subliminar é que o outro perceba na comunicação a hierarquia, a responsabilidade não compartilhada, “se vire”.
O objetivo subliminar está relacionado:
– ao que pensamos e sentimos em relação a um assunto (manifesto) e/ou interlocutor,
– ao que queremos com tal conversa,
– ao nosso diálogo interno, o que falamos para nós mesmos sobre uma situação.
Na maioria das vezes não paramos para identificar e analisar o nosso objetivo subliminar, tampouco o do nosso interlocutor, o que queremos e como vamos impactar o outro, apenas… colocamos para fora!
Resumindo: o que você quer com a sua comunicação?